Comunidade
realiza festa religiosa agradecendo bênçãos
Pascom
Os 35
quilômetros feitos a pé pelo lavrador Benedito Quirino Moreira, de 48 anos, do
centro de Santa Rita do Araguaia à comunidade rural Divino Pai Eterno, têm um
bom motivo. Foi assim que ele pagou a promessa por uma graça recebida.
Há três
anos o lavrador atingiu, de moto, uma mulher, que ficou bastante machucada na
cabeça. “Gastei R$ 5 mil com remédio e tratamento, mas tinha medo que ela
ficasse com sequelas. Daí fiz a promessa e fui atendido: a mulher ficou boa”,
disse.
Benedito
foi um dos últimos devotos a chegar ao local de partida da procissão em honra
ao Divino Pai Eterno, por volta das 8h45 do domingo (06 de julho), na Agrovila
Ivapé, após caminhar por quase oito horas.
Ele saiu
da área urbana de Santa Rita à 1h com um saco nas costas e um pedaço de pau. Na
sacola colocou rapadura, laranja, tapioca e água. O pedaço de pau serviu para
se escorar e ajudar na caminhada. Durante o trajeto deitou-se no relento por meia-hora
e nada mais.
“Estou
aliviado, graças a Deus! Cumpri meu compromisso”. O lavrador ainda teve fôlego
e fé para andar por mais dois quilômetros até a capela Divino Pai Eterno,
entrar de joelhos no local e acender vela diante da imagem símbolo da comunidade,
que retrata a Trindade Santa e Nossa Senhora.
Em
seguida ocorreu a missa em homenagem ao padroeiro com a presença de cerca de
100 pessoas. Depois houve leilão de prendas, almoço gratuito, rifa de boi e
terço cantado no salão comunitário. Essa foi a programação da 9ª Festa do Divino
Pai Eterno na Agrovila que teve como objetivo reunir a comunidade em oração e
festa, e arrecadar fundos para terminar a construção da capela.
“Mas, na
verdade...
... hoje
é que começa a festa”, afirmou o lavrador, festeiro e liderança comunitária,
Mateus Quirino Moreira, de 50 anos. É que em nove anos seguidos essa foi a
primeira vez que o Dia do Divino Pai Eterno teve um caráter realmente
religioso. Antes tinha três dias de baile, começando na sexta e terminando no
domingo. Era muita bebedeira, tinha briga, farra e quase ninguém entrava na
capela pra assistir à missa”. Em 2012 inclusive houve uma morte. “Por isso este
ano resolvemos fazer uma festa 100% religiosa”, explicou Mateus.
A
homenagem ao padroeiro começou com cerca de 50 pessoas para participar da
procissão, iniciada com a benção do pároco Humberto de Freitas Vieira, de 40
anos. Foi a primeira vez em toda a história da festa que um padre integrou a
caminhada religiosa. “Fico muito feliz de participar dessa homenagem, ainda
mais com essas mudanças, que dão uma cara verdadeiramente religiosa ao dia do
padroeiro”, afirmou.
A
procissão foi animada com a reza do terço, cantos, vivas e alguns foguetes. Na
caminhada houve idosos, adultos, jovens, crianças e até bebês de colo. O grupo também
contou com pessoas a cavalo, em motos e automóveis. A imagem do Divino Pai
Eterno alternou de mãos a cada trecho.
Lágrimas
de agradecimento
A dona de
casa Ester Borges dos Santos, de 37 anos, foi uma das pessoas que segurou o
pequeno andor e chorou de emoção. Suas lágrimas foram de agradecimento. Ela
enfim tinha em seus braços o homem amado, o motorista Roberto Cirino dos
Santos, de 41 anos.
“A gente enfrentou muita dificuldade pra ficar junto, teve
muita oposição. Só que a gente acreditou, pediu pro Divino Pai Eterno e ele nos
concedeu essa graça”. E vai ficar melhor ainda, prometeu Roberto: “Com a graça
de Deus, vamos nos casar no final do ano”.
A dona de casa Antônia Moreira Silva, de 40 anos, também se mostrou muito agradecida ao Divino Pai Eterno, por ter curado a filha, Aline, de fortes dores na cabeça.”Em breve será a minha vez de pagar a promessa de andar mais de 30 quilômetros, só que da Agrovila até o centro de Santa Rita”. Por enquanto Antônia dedica-se com prazer a servir ao altar uma vez por mês na capela da comunidade rural, quando tem missa, e durante os festejos do padroeiro. “Eu amo fazer isso”.
A lavradora
Jardelina Maria dos Santos, de 64 anos, também carregou com gosto a imagem
durante procissão. Devota do Divino Pai Eterno, ela contou a graça que recebeu:
“Ele me curou de uma dor muito forte no joelho. Eu andava até de bengala. Isso foi
até 2006. De lá pra cá eu não tive mais dores”.
Parabéns,
população da Agrovila Ivapé, pela devoção ao Divino Pai Eterno e pela bela
festa em honra ao padroeiro, que é o próprio Deus.
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