ACI - Foi
divulgado hoje no Vaticano o texto preparatório –chamado “Instrumento de
trabalho” - do Sínodo extraordinário dos bispos em outubro deste ano que terá
como tema “Os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização”. Numa coletiva de imprensa, ao meio-dia de hoje, 26, foi
apresentado este texto, divulgado nas seis línguas oficiais do Sínodo: alemão,
espanhol, francês, inglês, italiano e português.
O texto contém e sintetiza as
respostas ao questionário sobre os temas do matrimônio e da família, contido no
Documento preparatório ao Sínodo, publicado em novembro de 2013 e que obteve
respostas de bispos do mundo inteiro.
A primeira parte - "Comunicar o Evangelho da família
hoje" – reitera antes de tudo o "dado bíblico" da família,
baseada no matrimônio entre homem e mulher, criados à imagem e semelhança de
Deus e colaboradores do Senhor no acolhimento e transmissão da vida.
Uma reflexão específica é dedicada à dificuldade de compreender o
significado e o valor da "lei natural", colocada na base da dimensão
esponsal entre o homem e a mulher. Para muitos, "natural" é sinônimo
de "espontâneo", o que comporta que os direitos humanos são
entendidos como a autodeterminação do sujeito individual que tende à realização
dos próprios desejos.
A segunda parte do Instrumento de Trabalho - "A pastoral da
família diante dos novos desafios" - chega ao coração dos desafios
pastorais de hoje.
São muitas as situações críticas que a família deve enfrentar hoje:
fraqueza da figura paterna, fragmentação devida a divórcios e separações,
violências e abusos contra as mulheres e crianças ("um dado realmente
muito preocupante que interroga toda a sociedade e a pastoral familiar da
Igreja"), tráfico de menores, drogas, alcoolismo, dependência do jogo e
também a dependência das redes sociais, que impede o diálogo em família e rouba
o tempo livre para as relações interpessoais.
O documento sinodal destaca também o impacto do trabalho sobre a
vida familiar: horários extenuantes, insegurança no emprego, flexibilidade que
envolve longos trajetos, ausência do repouso dominical dificultam a
possibilidade de estar juntos, em família.
O documento dedica também uma grande parte às "situações de
irregularidade canônica", porque as respostas recebidas estão sobretudo
focalizadas nos divorciados e casados novamente. Em geral, põe-se em destaque o
número consistente daqueles que vivem com "negligência" de tal
condição e não pedem, portanto, para se aproximarem da Eucaristia e da reconciliação.
Em certos casos, algumas Conferências episcopais pedem novos
instrumentos para abrir a possibilidade de exercer "misericórdia,
clemência e indulgência" para com as novas uniões.
O Instrumentum mostra que, para as situações difíceis que a
Igreja não deve assumir uma atitude de juiz que condena, mas a de uma mãe que
sempre acolhe os seus filhos, sublinhando que "não aceder aos sacramentos
não significa ser excluído da vida cristã e da relação com Deus".
A terceira parte do documento – “A abertura à vida e à
responsabilidade educativa” – faz notar antes de mais que é pouco conhecida na
sua dimensão positiva a doutrina da Igreja sobre a abertura à vida da parte dos
esposos, pelo que é considerada como uma ingerência na vida do casal e uma
limitação à autonomia da consciência. Daqui a confusão que se cria entre os
contraceptivos e os métodos naturais de regulação da fertilidade.
O “Instrumento de trabalho” para a preparação e o debate da
assembleia sinodal de outubro próximo se conclui com a Oração à Sagrada
Família, escrita pelo Papa e por ele mesmo recitada por ocasião do Angelus de
29 de dezembro passado, festa da Santa Família de Nazaré.
O texto completo pode ser visto na página oficial do Vaticano
em: http://www.vatican.va/roman_ curia/synod/documents/rc_ synod_doc_20140626_ instrumentum-laboris-familia_ po.html
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