sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Formação integral e permanente é proposta pela Comissão para a Juventude

A formação integral e permanente, por meio da articulação da Rede de Institutos de Juventude e demais experiências, como também a aproximação da Pastoral Juvenil à Catequese são pontos destacados na carta aos párocos e responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil.

O texto é assinado pelo presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB, dom Eduardo Pinheiro da Silva, que mensalmente tem se comunicado com as lideranças.

O bispo recordou que este é o momento de parabenizar os jovens pelos trabalhos que estão desempenhando na missão da Igreja. “Neste processo, os jovens não são considerados somente destinatários de nossa missão, mas sujeitos capazes de entenderem e contribuírem com a própria formação”.

Confira a íntegra do texto:

Caros párocos e demais responsáveis pela evangelização da juventude no Brasil
 
“O menino foi crescendo, ficando forte e cheio de sabedoria.
E a graça de Deus estava com ele” (Lc 2, 40)
 

Uma juventude bem motivada, não para! Nessas férias muitas expressões juvenis reservaram um pouco de seu tempo para retiros, encontros, evangelização nas praias, experiências missionárias, formação; as Pastorais da Juventude realizaram seus Congressos, Assembleia, Ampliada.

É a vida que continua; é a força da missão que as empolga e as convida para uma formação permanente em vista de uma atuação cada vez mais adequada aos novos tempos. Como adultos responsáveis pela juventude, não podemos deixar de parabenizar estes jovens, reconhecendo-lhes sua beleza, significatividade e singularidade na missão da Igreja na história!

Como já foi mencionado na Carta anterior, o Encontro de Revitalização da Pastoral Juvenil no Brasil, acontecido em dezembro, retomou as 8 Linhas de Ação do Documento 85. A partir delas, foram destacadas, então, aquelas principais Pistas de Ação que necessitam ser potencializadas pelas expressões juvenis (Congregações Religiosas, Novas Comunidades, Movimentos, Pastorais da Juventude) e pelas instâncias eclesiais (comunidades, paróquias, dioceses, regionais).

Seis expressões juvenis e Regionais da CNBB presentes no Encontro assumiram a 1ª. Linha de Ação, que aborda a questão da FORMAÇÃO INTEGRAL, como uma de suas duas prioridades para os próximos anos. As duas PISTAS DE AÇÃO referentes a esta Linha, ficaram assim redigidas:

 

1º. INVESTIR na Formação Integral permanente, articulando a Rede de Institutos de Juventude e demais experiências.

2º. Aproximar e ligar a Pastoral Juvenil à CATEQUESE, em vista da Formação Integral.

Em síntese, esses dois pontos nos convocam ao “investimento” na proposta pedagógica de uma formação que seja integral e à atenção para que ela esteja presente na “Catequese” oferecida aos nossos adolescentes e jovens. Eles têm direito de receber de nossos ambientes e projetos, elementos que os ajudem em sua vida global e não somente em um dos aspectos dela.

Bem nos recordou o Documento 85, n. 96 e 97: “O conceito de formação integral é importante para considerar o jovem como um todo, evitando assim reducionismos que distorcem a proposta de educação na fé, reduzindo-a a uma proposta psicologizante, espiritualista ou politizante. [...] Quem trabalha na formação de jovens necessita estar atento às cinco dimensões: psico-afetiva, psicossocial, mística, sócio-político-ecológica e capacitação”.

Não estaríamos exagerando ao afirmar que, se nosso acompanhamento aos jovens fosse sempre adequado a todas as suas dimensões e houvesse harmonia entre elas, tudo o mais estaria praticamente resolvido. Muita coisa já se faz, mas ainda há muito chão. Eis abaixo algumas sugestões para se colocar em prática o princípio da Formação Integral, colhidas de nossos documentos, orientações eclesiais, partilhas realizadas no Encontro de dezembro, subsídios formativos, experiências de evangelização:

1. Conhecer (ler, estudar, debater) mais profundamente o que vem a ser a “Formação Integral” com suas várias dimensões;

2. Averiguar quais dimensões da “Formação Integral” estão menos contempladas nos projetos e subsídios juvenis e ver como suprir esta carência;

3. Conversar com os responsáveis pela Catequese e insistir na implantação do Processo de Iniciação à Vida Cristã, cujo conteúdo programático e dinâmica propõem falar de maneira mais clara e provocante à vida das novas gerações em suas diversas relações: consigo, com o outro, com Deus, com a Igreja, com a Sociedade, com o Mundo;

4. Analisar se os temas “vocação” e “afetividade” vêm sendo realmente explorados na sua beleza e profundidade junto aos adolescentes e jovens, principalmente na catequese e nos grupos juvenis, e buscar formas atraentes de envolvê-los nestes assuntos contribuindo, assim, com a maturidade das relações e das opções de vida;

5. Favorecer-lhes materiais, orientações e ocasiões que contribuam concretamente para a elaboração do Projeto Pessoal de Vida, a partir das dimensões da Formação Integral;

6. Fazer um levantamento e usufruir de materiais e cursos disponíveis, oferecidos por organizações como Institutos de Juventude e Congregações Religiosas, que, sintonizadas com a realidade juvenil atual e as orientações da Igreja, possam contribuir com o amadurecimento das dimensões da Formação Integral;

7. Investir em Escolas Jovens e Cursos de Liderança que trabalhem as dimensões da Formação Integral;

8. Utilizar das redes sociais para iluminar, aprofundar e questionar os jovens que vivem neste universo midiático auxiliando-os na compreensão, acolhida e desenvolvimento das várias dimensões de sua vida;

9. Favorecer reflexões bíblicas, principalmente passagens da vida de Jesus Cristo, que possam iluminar os jovens na sua busca de felicidade, de prazer em viver, de servir;

10. Cuidar para que a Formação Integral seja regada tanto de aprofundamento teórico quanto de experiência prática, que toquem à vida;

Em síntese, a orientação sobre a “Formação Integral” diz respeito a todos os ambientes e projetos eclesiais que se propõem à educação e à evangelização dos adolescentes e jovens. No fundo, todos nós deveríamos nos comprometer em avaliar nossas estruturas e propostas formativas, revitalizando-as para que sejam capazes de acolher e responder a todas as dimensões da vida desta parcela da sociedade que Deus nos confia para amar e servir, em vista de seu Reino.

Neste processo, os jovens não são considerados somente destinatários de nossa missão, mas sujeitos capazes de entenderem e contribuírem com a própria formação. Jesus, que “crescia, ficando forte e cheio de sabedoria” nos pede que oportunizemos condições de Formação Integral aos seus jovens discípulos missionários que estão sob nossos cuidados.

Maria, que contando com a graça divina acompanhou Jesus em todos os seus passos, nos auxilie nesta missão de educadores e evangelizadores das novas gerações que passeiam pelos nossos ambientes, olhos, mãos e corações.

 

Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Presidente da Comissão Episcopal 
Pastoral para a Juventude da CNBB

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