quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Comissão da Verdade ouve Dom Pedro Casaldáliga

Próximo ao aniversário de 86 anos, Pedro Casaldáliga, bispo e poeta, um dos maiores defensores da causa indígena e dos direitos dos camponeses no Brasil e na América Latina, ofereceu depoimentos aos pesquisadores do GT Papel das Igrejas durante a Ditadura e Camponeses e Indígenas da Comissão Nacional da Verdade neste final de semana (02).

Catalão, nascido em 1928, dom Pedro veio ao Brasil em 1968 para atuar como missionário. Um dos fundadores da Teologia da Libertação, assumiu a opção pelos pobres. Em 1968, após um período de aclimatação no Rio e em São Paulo, mudou-se em definitivo para São Félix do Araguaia.
 
Nesta região, como missionário claretiano, acompanhava os Xavante. Em 1970, foi nomeado bispo e prelado de São Félix do Araguaia pelo papa Paulo VI.

Junto com Dom Thomaz Balduíno, Casaldáliga fundou o Conselho Indigenista Misionário (CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).

A perseguição a Dom Pedro e sua equipe teve seu auge entre 1971 e 1976. Ele sofreu diversas ameaças de morte. Em 1976, foi assassinado o padre João Bosco Burnier, quando ele e dom Pedro foram defender duas mulheres camponesas torturadas na delegacia de Ribeirão Cascalheira.
 
Até hoje o bispo é ameaçado, em virtude de sua luta pela desintrusão (exclusão dos não índios) da Terra Indígena dos Xavante Marãiwatsédé.

Por sete vezes a ditadura tentou expulsá-lo do Brasil sob as mais diversas acusações. Devido ao seu trabalho pastoral na defesa de indígenas e pelo direito à terra e reforma agrária, o bispo foi detido arbitrariamente em sua casa e na Catedral, espancado, além de ameaçado de morte várias vezes, pois sua luta confrontava-se com o projeto político de expansão da fronteira agrícola norte para dentro dos limites da Amazônia Legal. Ele afirma que o pior legado da ditadura é o clima de terror que ainda paira sobre as populações do Araguaia.

Dom Pedro Casaldáliga foi ouvido pelos pesquisadores da CNV Anivaldo Padilha, Luci Buff, Jorge Atílio Iulianelli e Daniel Lerner.

Fonte: Pastoral da Juventude

Nenhum comentário:

Postar um comentário