Próximo
ao aniversário de 86 anos, Pedro Casaldáliga, bispo e poeta, um dos maiores
defensores da causa indígena e dos direitos dos camponeses no Brasil e na
América Latina, ofereceu depoimentos aos pesquisadores do GT Papel das Igrejas
durante a Ditadura e Camponeses e Indígenas da Comissão Nacional da Verdade
neste final de semana (02).
Catalão,
nascido em 1928, dom Pedro veio ao Brasil em 1968 para atuar como missionário.
Um dos fundadores da Teologia da Libertação, assumiu a opção pelos pobres. Em
1968, após um período de aclimatação no Rio e em São Paulo, mudou-se em
definitivo para São Félix do Araguaia.
Nesta região, como missionário
claretiano, acompanhava os Xavante. Em 1970, foi nomeado bispo e prelado de São
Félix do Araguaia pelo papa Paulo VI.
Junto com
Dom Thomaz Balduíno, Casaldáliga fundou o Conselho Indigenista Misionário
(CIMI) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A
perseguição a Dom Pedro e sua equipe teve seu auge entre 1971 e 1976. Ele sofreu
diversas ameaças de morte. Em 1976, foi assassinado o padre João Bosco Burnier,
quando ele e dom Pedro foram defender duas mulheres camponesas torturadas na
delegacia de Ribeirão Cascalheira.
Até hoje o bispo é ameaçado, em virtude de
sua luta pela desintrusão (exclusão dos não índios) da Terra Indígena dos
Xavante Marãiwatsédé.
Por sete
vezes a ditadura tentou expulsá-lo do Brasil sob as mais diversas acusações.
Devido ao seu trabalho pastoral na defesa de indígenas e pelo direito à terra e
reforma agrária, o bispo foi detido arbitrariamente em sua casa e na Catedral,
espancado, além de ameaçado de morte várias vezes, pois sua luta confrontava-se
com o projeto político de expansão da fronteira agrícola norte para dentro dos
limites da Amazônia Legal. Ele afirma que o pior legado da ditadura é o clima
de terror que ainda paira sobre as populações do Araguaia.
Dom Pedro
Casaldáliga foi ouvido pelos pesquisadores da CNV Anivaldo Padilha, Luci Buff,
Jorge Atílio Iulianelli e Daniel Lerner.
Fonte: Pastoral da Juventude
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