A
data faz memória a Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra na luta
pela libertação. Em 1978, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação
Racial batizou a data como o Dia Nacional da Consciência Negra em substituição
ao 13 de Maio, que é considerado como o Dia das Raças. Posteriormente os
poderes públicos abraçaram a ideia dando origem ao feriado. O Movimento propõe
uma revisão da historiografia.
Para
marcar o Dia da Consciência Negra, a Pastoral Afro-brasileira divulgou uma
Mensagem. “A Pastoral Afro-brasileira, presente em todo o Brasil, celebra essa
data, mas também está empenhada em enfrentar os desafios presentes no mundo. A
Escravidão hoje atinge 29 milhões de trabalhadores em todo o mundo”, diz a
carta. Confira a íntegra da Mensagem.
20
de novembro: Dia da Consciência Negra
Aos poucos os eventos gaúchos atraíram a atenção da mídia nacional e de grupos negros de outros Estados, que também passaram a adotar o 20 de novembro. Finalmente, em 1978, o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial adotou a data, batizando-a de Dia Nacional da Consciência Negra. Mais recentemente os poderes públicos abraçaram a ideia, dando origem ao feriado de amanhã, celebrado em muitas cidades do País.
Em
uma dissertação de mestrado apresentada no programa de pós-graduação em
história da PUC de Porto Alegre, o jornalista negro Deivison Moacir Cezar de
Campos sugere que os rapazes do Palmares foram subversivos. Porque fizeram um
contraponto ao discurso oficial do regime militar, que exaltava as igualdades
proporcionadas pela democracia racial e via no debate sobre o tema um fator de
distúrbio.
“Eles
buscavam o reconhecimento das diferenças étnicas e das condições desiguais de
acesso à cidadania e a integração socioeconômica”, diz a tese. E mais:
“Colocaram-se contra o oficialismo ao defenderem a substituição de 13 de Maio,
o Dia das Raças, pelo 20 de Novembro, Dia do Negro; ao proporem uma revisão da
historiografia; ao afirmarem um herói não reconhecido.”
Hoje,
muitas conquistas das comunidades negras estão presentes em nossa sociedade.
Existem desafios que vamos enfrentando com participação de grupos organizados
ou não. A Pastoral Afro-brasileira, presente em todo o Brasil, celebra, mas
também está empenhada em enfrentar os desafios presentes no mundo. A
Escravidão hoje atinge 29 milhões de trabalhadores em todo o mundo. Um
relatório recém-divulgado pela fundação Walk Free aponta que 29 milhões de
pessoas no mundo ainda trabalham sob o regime de escravidão.
Para
o cientista político Leonardo Sakamoto, que é coordenador da ONG Repórter
Brasil e membro da Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, a
escravidão ocorre quando a dignidade ou a liberdade são aviltadas. Condição
degradante é aquela que rompe o limite da dignidade. São negadas a essas
pessoas condições mínimas mais fundamentais, colocando em risco a saúde e a
vida.
A
Mauritânia ocupa o primeiro lugar do ranking de escravidão global, que analisou
162 países e leva em consideração o casamento infantil e os níveis de tráfico
humano. Haiti, Paquistão e Índia vêm em seguida. No Brasil, 125 anos após a
abolição da escravatura, milhares de pessoas ainda são submetidas a trabalhos
em situação degradante. No entanto, há avanço na erradicação da prática.
A
primeira política de contenção do trabalho escravo é de 1995 e, de lá para cá,
45 mil pessoas foram libertadas de locais onde havia exploração desumana da mão
de obra. Tramita no Congresso Nacional uma Proposta de Emenda Constitucional
para endurecer a lei. É a PEC do Trabalho Escravo e prevê o confisco de imóveis
em que o trabalho escravo for encontrado e sua destinação para reforma agrária
ou para o uso habitacional urbano.
Lucrativa,
a escravidão moderna movimenta mais de US$ 32 bilhões, segundo a Organização
Internacional do Trabalho. Estimativas da OIT também apontam que há 5,5 milhões
de crianças escravas no mundo.
Como
muito bem falou o Papa João Paulo II, aos afro-americanos, em 1992, em Santo
Domingo: "A estima e o cultivo dos vossos valores Afro-americanos,
enriquecerão infalivelmente a Igreja."
Em
outras palavras, a novidade que a Igreja quer e merece é a inclusão em sua Ação
Evangelizadora, das riquezas culturais e espirituais que emanam do Patrimônio
africano e afro-descendente.
O
processo de Cidadania do povo negro é uma dimensão essencial da vida e da
Missão da Nossa Igreja Católica Apostólica Romana. A Igreja Católica no Brasil,
fiel à missão de Jesus Cristo, está presente nesses importantes acontecimentos
por meio de seus representantes e de suas orações.
Exorta
a todo o Povo de Deus a colocar-se a serviço da vida e da esperança,
"acolher, com abertura de espírito as justas reivindicações de movimentos
- indígenas, da consciência negra, das mulheres e outros - (...) e empenhar-se
na defesa das diferenças culturais, com especial atenção às populações
afro-brasileiras e indígenas" (CNBB, Doc. 65, nº 59).
Pastoral
Afro-brasileira da CNBB
Fonte:
Pontifícias Obras Missionárias
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