Das notas de viagem, isto é, dos Atos dos Apóstolos, no qual Lucas fala na primeira pessoa, apreendemos todas as notícias que a ele dizem respeito, além de breves acenos nas cartas de são Paulo — o apóstolo ao qual, mais do que a qualquer outro, estava ligado por fraterna amizade.
“Saúda-vos Lucas, médico amado”, lê-se na Carta aos Colossenses. A profissão de médico pressupõe uma boa cultura. Realmente, em seus escritos se revela um homem culto, com inclinações artísticas e bons dotes literários. Com são Paulo realizou a segunda viagem missionária de Trôade a Filipos, por volta do ano 50. Em Filipos deteve-se um par de anos para consolidar o trabalho do Apóstolo, após o qual voltou a Jerusalém. Foi de novo companheiro de viagem de são Paulo e compartilhou com ele a prisão em Roma.
Os cristãos orientais atribuem ao “médico pintor”, Lucas, numerosos quadros representando a Virgem. Em seu evangelho, escrito em um grego fluente e límpido, Lucas traça a biografia da Virgem e fala da infância de Jesus. Revela-nos os íntimos segredos da Anunciação, da Visitação e do Natal, fazendo-nos entender que conheceu pessoalmente a Virgem, a ponto de alguns exegetas considerarem que tenha sido Maria quem lhe transcreveu o Magnificat.
É Lucas mesmo quem afirma ter feito pesquisas e pedido informações sobre fatos relativos à vida de Jesus junto àqueles que deles foram testemunhas. Só Maria podia ser testemunha da Anunciação e dos fatos que se seguiram.
Lucas conhecia os evangelhos de Mateus e Marcos quando começou a escrever o seu, antes do ano 70. Julgava que ao primeiro faltava uma certa ordem no desenvolvimento dos fatos e considerava o segundo por demais conciso.
Como diligente estudioso, Lucas, depois de ter documentado escrupulosamente as notícias da vida de Jesus “desde o início”, quis narrá-la novamente de forma ordenada, de modo que os fatos e ensinamentos progredissem “par e passo” com a realidade.
Deu prova da mesma agradável fluência narrativa também na redação dos Atos dos Apóstolos. Três cidades se ufanam de conservar suas relíquias: Constantinopla, Pádua e Veneza.
Fonte: Edições Paulinas
Nenhum comentário:
Postar um comentário