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- “Periferias existenciais”, as duas palavras que mais ressoaram durante o
seminário que, de 21 a 24 de outubro, reuniu em Mariápolis Ginetta (SP),
representantes de mais de 40 organizações sociais nascidas a partir do carisma
da unidade do Movimento dos Focolares, provenientes do Brasil e outros 12
países latino-americanos e caribenhos.
Da troca de experiências se via que o encontro com
as periferias incentivado pelo Papa Francisco, já vinha acontecendo há anos nos
subúrbios latino-americanos, onde o tráfico de drogas semeia a morte,
especialmente entre os jovens; onde as crianças desde pequenas, vivem nas ruas;
onde os agricultores não têm nenhuma fonte de sustento e migram para as
cidades, multiplicando as favelas.
São muitas as histórias de pessoas que se envolveram
nas mais diversas obras de resgate social, mesmo que passando por enormes
dificuldades, começando pela escassez de recursos materiais e humanos.
Chiara Lubich, fundadora do Focolares |
Daí a necessidade comum de criar uma rede, para uma
troca permanente de experiências, dificuldades, recursos. As organizações
sociais dos países de língua espanhola disponibilizaram um instrumento digital
- o site www.sumafraternidad.org
- para colocar em ação uma rede que tende a se estender envolvendo também
outras expressões do Movimento dos Focolares nascidas no âmbito da economia, da
política, da educação, do direito, da família, da juventude, com o objetivo de
uma maior incidência na transformação social.
O seminário, que teve como tema "Fraternidade
em ação: fundamento para a coesão social no século XXI", confrontou-se com
o cenário sócio-político do continente, ainda hoje atormentado pela falta de
coesão social, causa da exclusão, das profundas desigualdades, como alegado por
o cientista politico Juan Esteban Belderrain.
Com Susana Nuin, da Comissão de Comunicação do
CELAM, foram examinados os aspectos da doutrina social da Igreja associados à
problemática latino-americana. Muito eficaz o exemplo de palavras e ações do
Papa Francisco sobre a questão da Síria, a partir do qual se destacam quatro
fases do compromisso dos cristãos: a conversão pessoal, comunitária, a ação
social, o impacto político.
O confronto com os potenciais transformadores do
carisma da unidade, radicado no patrimônio espiritual de Chiara Lubich,
focalizou alguns pontos fundamentais:
- o ágape, definido pela socióloga Vera Araújo como
"pedra fundamental" e "fonte constante de criatividade";
- o "tornar-se o outro", método evangélico
indispensável para construir relacionamentos; o horizonte da fraternidade, que
exige a eliminação das desigualdades em todos os níveis;
- Jesus crucificado, que com o seu grito de abandono
“se identificou com todos os crucificados da terra" e "sempre abre
novos espaços de ressurreição".
“É este grito que nos faz entrar em comunhão com os
excluídos e não nos permite abituarnos às injustiças sociais”, disse padre
Vilson Groh, de Florianópolis (SC). Um amplo confronto, que deu nova força
e impulso ao compromisso assumido.
Além disso, do coro de vozes desses dias emergiram questões
inquietantes dirigidas a todos: "Será que estamos achando normal o fato de
continuarem a subsistir graves desequilíbrios sociais no continente? Talvez
estamos ‘aburguesados’? Será que silenciamos a nossa consciência porque já
existem outros pessoalmente empenhados em buscar soluções para estes dramas?” É
o convite a assumir a responsabilidade coletiva.
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