Zenit.org - Era o ano
de 834, quando o papa Gregório IV decidiu mudar a festa do Dia de Todos os
Santos do 13 de Maio para o 1 de Novembro. Foi uma escolha pensada. O
objetivo era, de fato, o de tirar os restos do paganismo de alguns povos que
culminavam justamente na noite do 31 de outubro, com o ano novo Celtico. A
festa foi assim chamada de All Allows Even, ou seja, que tudo é permitido, até
mesmo que os mortos retornassem à vida.
Hoje,
séculos depois desse gesto de Gregório IV, parece ser que o paganismo está
voltando com força. O mal gosto, o horripilante, o excesso triunfam com a festa
de Halloween, que nada mais é do que uma reproposição em chave moderna e
consumística das degenerações do ano novo celta.
Parece
novamente necessário derrubar estes costumes macabros, consagrando a primeira
noite de novembro aos Santos em vez de às bruxas, vampiros e zumbis. Durante
anos, Pe. Andrea Brugnoli e a comunidade que ele fundou, os Sentinelas do
amanhã, fazem desse desafio uma realidade concreta que adotou o nome de
HOLYween. Uma iniciativa direcionada à trazer de volta o rosto dos Santos,
expondo as imagens pelas janelas na noite do 31 de Outubro.
ZENIT: Pe. Andrea,
qual é o balanço desses 6 anos de atividade da iniciativa HOLYween?
Pe.
Andrea Brugnoli: O resultado é mais do que positivo. Parece-me que tenha sido
muito difundido a ideia de que os cristãos devam celebrar a sua festa de todos
os santos, mais do que ficar reclamando que Halloween está se espalhando entre
os jovens e adultos. São muitas as paróquias que adotaram essa ideia e
organizam todo tipo de iniciativa com este nome: HOLYween.
Nosso site, onde a
cada ano você pode baixar imagens de santos para pendurar nas janelas, foi
literalmente invadido: nestes dias temos mais de 10 visitantes por segundo, um
número extraordinário. Muitas escolas prepararam atividades educativas sobre os
santos e eu acho que ninguém é contrário à beleza de mostrar esses rostos, em
lugar dos monstros terríveis dos pagãos. Em suma, o sucesso de HOLYween superou
todas as expectativas iniciais.
ZENIT: Qual é a
mensagem que o rosto de um Santo transmite para um jovem de hoje?
Pe.
Andrea Brugnoli: Os santos são a melhor parte da nossa terra. São pessoas
comuns que se comprometeram em deixar o mundo um pouco "melhor e não se
resignaram aos problemas das pessoas, que eram tão graves ontem como hoje. Os
santos são “belos”, porque têm uma beleza que vem do coração. Colando os seus
rostos nas janelas e nas portas de casa, um jovem se rodeia de pessoas belas e
isso transmite a mensagem de que também ele pode conquistar esta beleza. Valem
as palavras que pronunciou São Bernardo de Claraval: “Se este, se aquele... por
que também não eu?”.
ZENIT: Este ano, a
iniciativa foi ampliada ainda mais, é verdade?
Pe.
Andrea Brugnoli : Sim, de fato , fizemos propostas para as escolas e para as
crianças da catequese. Já no ano passado, muitas realidades tinham aderido
enviando-nos o seu material fotográfico e as suas crônicas. A fantasia é
realmente grande: por exemplo em Milão alguns jovens de uma paróquia decidiram
levar comida aos sem teto vestidos de santos. Em outros lugares colaram
fotografias imensas de santos com mais de 6 metros nas fachadas das Igreja.
Esta redescoberta dos santos é realmente a resposta das pessoas à necessidade
que temos hoje de redescobrir as nossas melhores raízes.
ZENIT: Em Roma,
uma iniciativa semelhante à vossa, chamada “A Noite dos Santos”, teve um
grandíssimo sucesso. Mas coisas assim nos chegam de toda a Itália. É
encorajador. Como alimentar esses desejos positivos dos jovens?
Pe.
Andrea Brugnoli: Eu acho que todos nós temos que ter muita confiança nos
jovens. Não é verdade que são atraídos pelo mal, pelas cabaças vazias, pelo
horror. O problema é que não têm outras alternativas. Mas, quando é apresentado
para eles um ideal de vida de entrega aos outros, heroicamente dedicado ao bem,
como foi no caso dos santos, eles se sentem atraídos, porque no coração
de cada jovem há uma irresistível paixão por deixar uma marca, por ser um
“alguém”. Ainda hoje nós lembramos dos santos – embora bem jovenzinhos – por
causa da sua alegria contagiosa. Temos que, portanto, pedir aos jovens muito e
propor-lhes uma medida alta de vida cristã.
(Traduzido
e adaptado por Thácio Siqueira)
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